Preventivo ou Colpocitopatologia

Epidemiologia e Saúde Pública

O câncer de colo de útero, ou câncer cervical, é um importante e grave problema de saúde pública no Brasil, e segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer), entre os anos 1997 e 2004, houve um aumento de 7% nos casos de câncer cervical no Brasil. Sendo o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, mundialmente falando, e anualmente são diagnosticados cerca de 490 000 casos. No Brasil, é o terceiro câncer mais diagnosticado, sendo o câncer de pele do tipo não-melanoma e o de mama os dois tipos mais incidentes, valendo ressaltar que essa posição pode mudar dependendo da região.

     Os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer cervical podem ser muitos, principalmente o início da vida sexual e paridade precoce abaixo dos 20 anos, número de parceiros sexuais, parceiros não circuncidados, multiparidade, tabagismo e uso de anticoncepcional oral por longos períodos. A infecção por Papilomavírus humano (HPV) do grupo oncogênico, principalmente os tipos de maior risco como o 16 e 18, estão associados ao desenvolvimento do câncer de colo de útero. Nesse sentido, a adoção de um estilo de vida mais saudável se faz necessária além dos métodos preventivos relacionados, como o uso de preservativo e a realização do exame colpocitopatológico.

     O método de rastreamento de câncer cervical, como o preventivo (nome popular), é eficaz somente se a paciente seguir as instruções que lhe foram dadas, e no momento em que fora solicitado. Dessa forma iremos conseguir diminuir o risco de um agravamento do quadro através do diagnóstico e tratamento precoce. É importante também, a discussão de como se fazer o exame colpocitopatológico e demais ações preventivas, mais presente em comunidades carentes, aquelas em que não se dispõem de acesso fácil às instalações de saúde, como populações indígenas, ribeirinhos e quilombolas e aqueles afetados de forma socioeconômica.


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Diagnóstico

O diagnóstico do câncer cervical pode ser feito de duas formas, o diagnóstico precoce e o rastreamento. A abordagem das pessoas com sinais e/ou sintomas ligados ao câncer de colo de útero, como: sangramento vaginal anormal; sangramento menstrual mais prolongado que o habitual; secreção vaginal incomum, com um pouco de sangue; sangramento após a menopausa; sangramento após a relação sexual; dor durante a relação sexual; e dor na região pélvica. Ademais, o rastreamento tem como base a história da doença e no reconhecimento de que o câncer invasivo evolui a partir de lesões precursoras, que embasado nessas características detectadas, podemos realizar o tratamento adequado e impedir a progressão do quadro.

     Por defronte dos outros métodos, o principal e mais amplamente utilizado para o rastreamento do câncer cervical é o teste de Papanicolaou, desenvolvido por Georgios Nicholas Papanikolaou, um importante médico e pesquisador grego nascido em Kymi, na Grécia, em 1883. Mediante de sua eficácia, o exame deve ser oferecido às mulheres com idade entre 25 e 64 anos e que já tiveram atividade sexual. É interessante, de conformidade com a literatura, que se a mulher após os 65 anos tiver feito regularmente os exames durante a vida, e com resultados normais, o risco do desenvolvimento do câncer cervical é reduzido devido a seu histórico de lenta evolução.


     Conquanto, não se deve diminuir as medidas preventivas e as consultas regulares e de rotina, para que assim se faça presente, mesmo em momentos de menor risco, um cuidado efetivo.


     O exame de Papanicolaou deve ser feito de forma regular e de acordo com o INCA, o exame deve ser repetido a cada três anos, após dois exames normais consecutivos realizados com um intervalo de um ano. A periodicidade proposta de três anos, tem como base a recomendação da Organização Mundial da Saúde e de diretrizes da maioria dos países com programa de rastreamento organizado. Em mulheres portadoras de HIV ou imunodeprimidas, a periodicidade deve ser realizado logo após o início da atividade sexual e então repetido anualmente após dois exames normais consecutivos realizados com intervalo semestral.



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Possíveis resultados

O material, dependendo da forma como foi colhido, pode servir para mais um tipo de exame. A citologia em meio líquido é feita com uma pequena escova que é passada na Junção Escamo Colunar, também chamada de zona de transformação, e então armazenada em recipiente próprio, podendo ser feito não só a citologia, mas como exames moleculares também. Quando a coleta é feita com uma espátula de Aire, este material fixado em uma lâmina, passa pelo processo de coloração de Papanicolaou e então feito a microscopia óptica. Nós preparamos, através de diversas referências, uma tabela com os principais achados de modo geral, não especificando a metodologia do exame. Segue a tabela:


Tipo de Resultado Classificações Achados
Papanicolaou Classe I Ausência de células normais
Classe II Alterações celulares benignas, geralmente causadas por processos inflamatórios
Classe III Presença de células anormais
(incluindo NIC I, NIC II e NIC III)
Classe IV Citologia sugestiva de malignidade
Classe V Citologia indicativa de câncer cervical
Bethesda ASC-US
(Células Escamosas Atípicas de Significado Indeterminado)
Alterações nas características normais das células escamosas, mas sem apresentar sinal de alterações pré-malignas
ASC-H
(Células Escamosas Atípicas não podendo excluir Lesão Intraepitelial de Alto Grau)
Células escamosas atípicas, com características mistas, não sendo possível descartar a presença de atipias malignas
LSIL
(Lesão Intraepitelial Escamosa de Baixo Grau)
Displasia branda - lesão pré-maligna com baixo risco
HSIL
(Lesão Intraepitelial Escamosa de Alto Grau)
Células anormais - grande alteração no seu tamanho e formato
NILM
(Negativo para Lesão Intraepitelial ou Malignidade)
Todas as células escamosas e glandulares vistas têm material celular de aparência normal
Microrganismos Protozoários - Trichomonas vaginalis
Fungos - Candida albicans, Candida glabrata e outros
Bactérias - Gardnerella vaginalis
- Neisseria gonorrhoeae
- Treponema pallidum
- Chlamydia trachomatis
- classe Actinomyces
Vírus - Herpes simplex virus (HSV)
- Human Papiloma Virus (HPV)
Tabela criada por OnBiomedical - Principais achados e diagnósticos da citologia de colo de útero.

     Como você pode ver na tabela acima, os achados podem variar muito. É importante ressaltar que a nomenclatura dos diagnósticos pode variar de acordo com cada laboratório, incluindo os laudos do Sistema Único de Saúde (SUS), e que, a classificação de Papanicolaou não é tão utilizada mais, sendo majoritariamente a de Bethesda propriamente dita quanto baseada nela, a mais usada no âmbito laboratorial e clínico. Após o diagnóstico, o médico deverá optar, dependendo do resultado, se a paciente deverá realizar novamente o ou marcar o próximo exame.


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Conclusão

A colpocitopatologia é um exame de extrema importância para a saúde pública no nosso país, devendo ser ampliado de forma a se fazer presente em todos os locais possíveis. Assim, iremos garantir não somente uma melhor promoção da saúde, mas como também a redução da mortalidade e risco do câncer de colo de útero e demais infecções possíveis. O acesso à informação e a medidas preventivas também deve se fazer presente cada vez mais na população brasileira, com a finalidade de se reduzir a infecção por outros agentes, tanto os que podem levar ao desenvolvimento do câncer de colo uterino quanto de outras doenças.



Espero que tenha gostado, comente se você achou que faltou alguma coisa ou o que você acha que poderia ajudar na melhoria desse método, ou campanha. Estamos sempre dispostos a receber críticas, dúvidas e sugestões, nos envie na caixa de contato na coluna da direita. As referências bibliográficas desse artigo estão dispostas abaixo.


Referências bibliográficas

  1. SBCM - SOCIEDADE BRASILEIRA DE CLÍNICA MÉDICA. Editora Manole Ltda, Jun 5, 2007 - 1808 páginas. Volume 3. Access on 26. Jan. 2021. Available in https://books.google.com.br/books?id=KI4lcyKdGsAC&dq=cancer+de+colo+de+utero&source=gbs_navlinks_s. ISBN: 8520424740, 9788520424742.

  2. Instituto Nacional do Câncer (INCA) (org.). Controle do Câncer de Colo de Útero: ações de controle do câncer do colo do útero - detecção precoce. Ações de Controle do Câncer do Colo do Útero - Detecção Precoce. 2021. Disponível em: https://www.inca.gov.br/controle-do-cancer-do-colo-do-utero/acoes-de-controle/deteccao-precoce. Acesso em: 26 jan. 2021.

  3. ONCOGUIA, Instituto (org.). Sinais e Sintomas do Câncer do Colo do Útero. 2020. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/sinais-e-sintomas-do-cancer-do-colo-do-utero/1281/284/. Acesso em: 26 Jan. 2021.

  4. FUKS, Rebeca. Georgios Papnikolaou: biografia de georgios papanikolaou. Biografia de Georgios Papanikolaou. 2020. Elaborada por Rebeca Fuks, doutora em Estudos de Cultura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e pela Universidade Católica Portuguesa de Lisboa (2018).. Disponível em: https://www.ebiografia.com/georgios_papanikolaou/#:~:text=Georgios%20Nicholas%20Papanikolaou%20foi%20um,13%20de%20maio%20de%201883.. Acesso em: 26 jan. 2021.

  5. PINHEIRO, Dr. Pedro. EXAME PAPANICOLAU [ASCUS, LSIL E NIC1, 2 E 3]. Disponível em: https://www.mdsaude.com/ginecologia/exame-papanicolau/. Acesso em: 26 jan. 2021.

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